A Premier League virou o campeonato de um clube só – 19/05/2023 – Marina Izidro

A Premier League virou o campeonato de um clube só – 19/05/2023 – Marina Izidro


Domingo, 21 de maio de 2023. O Manchester City vence o Chelsea em casa e conquista a Premier League pela quinta vez em seis anos, com duas rodadas de antecedência. O título pode até vir no sábado, se o Arsenal perder para o Nottingham Forest. Nao é futurologia, é probabilidade. Caso isso ainda não aconteça, será apenas questão de tempo.

Na outra liga, a dos Campeões, o City atropelou o Real Madrid esta semana ao vencer a partida de volta das semifinais por 4 a 0 e chega à decisão contra a Inter de Milão como favorito. Está mais perto do que nunca da taça europeia que nunca levantou e sempre desejou. O técnico Pep Guardiola é um gênio, o time é tão talentoso que nem precisou de um gol da máquina Erling Haaland para passar seu rolo compressor sobre o poderoso clube espanhol. Tudo isso é inquestionável.

Olhando mais de perto, por uma perspectiva doméstica inglesa, outro debate começa a surgir por aqui.

A derrota do Arsenal para o Brighton domingo passado (14) enterrou a então emocionante disputa do Campeonato Inglês entre o clube de Londres e o de Manchester. E com ela a ideia de que a Premier League é realmente competitiva atualmente. O líder City está quatro pontos à frente do Arsenal e tem um jogo a menos. A liga considerada a mais difícil do mundo virou o campeonato de um clube só. Não fosse o título do Liverpool em 2020, seriam seis seguidos para o City, contando que o desta temporada virá. A Premier League começa a ficar previsível como o francês, com o PSG prestes a se tornar campeão pela nona vez em 11 anos, ou o alemão, em que o Bayern pode conquistar o 11º título seguido.

O Arsenal deu tudo o que pôde e mais um pouco para brigar de igual para igual. Em 2018/2019, o Liverpool fez dificílimos 97 pontos —30 vitórias e só uma derrota— e terminou em segundo.

Houve outros períodos de hegemonia no futebol inglês, claro, para Liverpool ou Manchester United. Mas o City coloca o sarrafo tão alto em termos de pontuação que não há margem de erro. Mesmo que os rivais sejam quase perfeitos, nunca parece ser o suficiente.

Isso levanta alguns debates na Inglaterra: times e atletas imbatíveis são admiráveis, há um esforço enorme em suas conquistas. Mas quando deixamos de achá-los fascinantes e passamos a torcer o nariz para eles? O bilionário City e sua fortuna de Abu Dhabi não conseguem se descolar de dois temas.

Um deles é o debate sobre “sportswashing”, que aumentou com a aquisição do Newcastle por um fundo de investimentos da Arábia Saudita e com o interesse de compra do Manchester United por um sheik do Catar –há o temor entre alguns torcedores de que esse modelo vire o exemplo a ser seguido. O outro é o fato de o City estar sendo investigado por quebrar mais de 100 vezes as regras financeiras da Premier League, algo que críticos sempre fazem questão de lembrar.

Além de 21 de maio, quando o City poderá garantir o título da Premier League, coloque outras datas na agenda: 3 de junho, final da Copa da Inglaterra contra o Manchester United, e 10 de julho, decisão da Liga dos Campeões, contra a Inter de Milão. Se levar os três, o que não é improvável, a equipe de Guardiola conquistará a tríplice coroa e poderá ser colocado de vez em uma prateleira bem especial do futebol mundial. Com tudo de bom e ruim que tanto poder traz para o esporte.



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