Anurag Maloo conta a história de sua quase-morte e luta pela vida – 22/09/2023 – É Logo Ali
Nesta sexta-feira (22), o montanhista e ativista social Anurag Maloo, resgatado depois de ficar três dias em uma fenda de 70 metros de profundidade no Anapurna, montanha de 8.091 metros de altitude considerada uma das mais difíceis do Himalaia, fez seu primeiro relato oficial sobre o caso, por meio de seu perfil no Instagram.
Quando foi resgatado por uma equipe especializada de poloneses, os médicos que o receberam em Katmandu, capital do Nepal, avaliavam em algo de 2% a 3% suas probabilidades de sobrevida. “Foi o resgate de um em um milhão“, relatou ao blog o montanhista Moeses Fiamoncini, que estava com ele quando houve a queda, no dia 17 de abril, e marcou em fotos o local exato da fenda, permitindo sua localização três dias de fortes nevascas depois.
Como milagres merecem toda a divulgação, reproduzimos aqui o relato de Maloo, que acaba de sair de sua sexta cirurgia.
Com a palavra, Anurag Maloo, o sobrevivente.
“Este ano tem sido nada além de uma série de milagres. Primeiro, caí em uma fenda de 70 metros de profundidade enquanto escalava o monte Anapurna. Depois de 3 dias perdido, fui resgatado, quase declarado morto, mas resgatado por helicóptero e levado para o AIIMS Delhi (Instituto de Ciências Médicas de Nova Déli, na Índia, considerado um dos mais sofisticados polos de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia em saúde). [Na verdade, ele foi levado primeiro para um hospital de Katmandu, onde ficou alguns dias, até sua família providenciar a transferência para esse centro].
“É engraçado como quando alguém precisa sobreviver, desafia todas as probabilidades apenas para continuar respirando. Mas isso é a vida. Sou consultor de desenvolvimento internacional para mercados emergentes. Na última década, meu trabalho me levou a mais de 60 países. Eu adorava escalar montanhas. Costumava organizar expedições por causas sociais. Desde saneamento até desemprego, eu escalava por múltiplos objetivos. Em abril, estava escalando o Anapurna.
“Fazia em torno de -40 graus Celsius. Havia mais de 20 pessoas na equipe. Mas as condições climáticas estavam ruins. Eu estava perto do cume, mas decidi voltar e tentar novamente três dias depois. Já estávamos escalando havia três semanas naquele momento. Mas, durante a descida, escorreguei para uma fenda de 70 metros de profundidade.
“Mesmo naquele momento, não pensei que morreria. Minha mente pensou: ‘Ah, ok, estou caindo…’ antes de eu desmaiar. Eu tinha uma câmera GoPro presa em mim, que me gravou na fenda. Eu me movia, mas não estava consciente. A única lembrança que tenho é de oito dias depois, quando acordei em uma cama de hospital cercado pela minha família e amigos. Me disseram que eu havia estado desaparecido por três dias até que um cavalheiro polonês, Adam Bielecki, e sua equipe de sherpas me salvaram. Meu acidente se tornou notícia internacional.
“Lugares que visitei, amigos que fiz, todos rezaram pela minha segurança. Mas quando fui declarado morto, meu irmão, Aashish, lutou com as autoridades para tentar me reanimar. Uma RCP (ressuscitação cardiopulmonar) normal dura no máximo 30 minutos, mas os médicos tentaram por quatro horas antes de eu ter um batimento cardíaco estável.
“Uma semana depois, abri os olhos: tive uma segunda chance na vida. Os últimos cinco meses têm sido difíceis. Não me lembro do que aconteceu nos primeiros dias. Passei por seis cirurgias, comemorei meu 34º aniversário e aprendi a valorizar a vida. Ainda falta um ano para me recuperar completamente. Tive muito tempo para refletir. Sei que nunca mais serei o mesmo. Estou feliz, independentemente disso. Mas em breve vou me levantar. E, quando o fizer, não apenas vou caminhar, vou correr. Vou correr até conquistar os picos novamente!”
Alguém duvida?