Um Palmeiras para todos verem – 13/05/2023 – Juca Kfouri
Que o Palmeiras faz tempo tem vencido e convencido é mais que sabido.
Convencido, principalmente, seus torcedores, felizes com as vitórias e as taças, como a ocupação da casa verde comprova à exaustão.
Nem por isso escapa dos chatos, nós, os da crítica, ou para não dividir responsabilidades, deste chato, que sempre reconheceu os méritos do time e frequentemente pede mais, reclama por fantasia.
Ignoro o que acontecerá no jogo contra o Bragantino, deixo para depois qualquer observação.
Limito-me às vitórias, goleadas, bailes, aplicados tanto no humilde Goiás quanto no arrogante, por causa de Renato Gaúcho, Grêmio.
Quando o Palmeiras ganhou o Campeonato Brasileiro, assim como quando venceu duas Libertadores, ninguém ouviu Abel Ferreira dizer que sua equipe era “de outro patamar”, embora fosse, ao menos na América.
A frase, ser “de outro patamar”, é da feliz autoria de Bruno Henrique, sobre o Flamengo de 2019 e caiu muito bem por verdadeira e espirituosa, totalmente adequada na boca de um jogador.
Renato Gaúcho a disse depois da vitória gremista por 1 a 0 sobre o Caxias, da Série D brasileira, 70° colocado no ranking nacional, na decisão do último Gauchinho.
O Palmeiras tratou de mostrar-lhe qual é o degrau tricolor.
No show do 4 a 1, que teve tudo para ser 6 a 0, um gol a mais que no passeio pela Serrinha, em Goiás, a diferença de patamares ficou tão clara como assustadora.
Para quem chorava a ausência de Gustavo Scarpa (primeirão qualquer coisa!), Artur começa a permitir esquecê-lo.
Para quem tem saudade de Danilo, e é mesmo para ter, Zé Rafael e Gabriel Menino tratam de diminuí-la.
E Dudu nem precisa fazer gols, embora tenha feito em Goiânia, para enlouquecer as defesas adversárias.
Se o calendário permitir e o Palmeiras mantiver tamanha qualidade, até um chato admitirá estar diante de nova Academia, para uns a terceira, para outros, como este pobre colunista, a quarta. Porque o time de 1996, por menor que tenha sido a duração, merece a grife: Velloso; Cafu, Sandro Blum, Cléber e Júnior, Flávio Conceição, Amaral, Rivaldo e Djalminha; Müller e Luizão.
Blum entra aí um pouco como Pilatos no Credo, mas Félix está na seleção tricampeã da Copa de 1970, e nem por isso.
Voltemos aos protagonistas de hoje.
Aos poucos, os que seriam candidatos a Blum crescem a olhos vistos, como Mayke, como Luan, fruto de trabalho cada vez mais recatado, nas entrevistas, não ainda à beira do campo, do treinador português, além do mais filósofo do futebol, sem a garganta de Gaúcho, nem a superficialidade de Luxemburgo.
Como já foi o Flamengo, como é hoje o Fluminense (e o Cruzeiro está de parabéns pela maneira como o enfrentou), o Palmeiras está dando gosto de ser visto.
Um dia perderá, como Abel Ferreira não se cansa de dizer, mas o difícil é saber quando.
E, quando acontecer (será contra o Bragantino?) nada alterará a simples constatação de que este Palmeiras vale o ingresso e o tempo a ele dispensado.
Quer apostar?
Aposta quem quer, promove-a quem deseja, corrompe-se quem se apraz.
Em 1982, foram mais de 130 denunciados da Máfia da Loteria Esportiva; em 2005, na Máfia do Apito, dois árbitros e seus cinco parceiros em apostas clandestinas; agora, já temos 36.
Sejam quantos forem, há uma certeza: a de que, se tem aposta, tem corrupção.