Produtores de café do Paraná conquistaram a Indicação Geográfica (IG) para o “Café de Mandaguari”, junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Reconhecido com a Denominação de Origem (DO), o produto é a 137 IG nacional e a 20ª do estado. A DO inclui os municípios paranaenses de Apucarana, Arapongas, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari e Marialva. A DO Mandaguari é o 19º café brasileiro reconhecido como IG.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Café de Mandaguari (Cafeman), Roberto Rosseto, a IG é um caminho para resgatar a cultura do Paraná. “Isso ajuda a fazer o produtor se envolver mais na cultura, faz com que o filho do produtor fique na atividade, fique na agricultura, não precise ir para uma grande empresa, uma grande cidade, mas permaneça e tenha uma renda, uma sustentabilidade dentro da propriedade”, aponta.
Segundo a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, esse reconhecimento pode transformar a região.
A IG estimula o envolvimento de lideranças locais, produtores, agricultores e associações em preservar esse patrimônio, além de abrir mercados dentro e fora do Brasil.
Hulda Giesbrecht, coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae.
O café de Mandaguari tem características sensoriais específicas, variando entre sabores cítricos, frutados, notas de chocolate e outras de frutas amarelas e vermelhas. Bactérias encontradas nas lavouras da região não consomem o açúcar dos grãos, mantendo o dulçor da bebida, um diferencial em relação a cafés de outras regiões do Brasil.
Os microrganismos não alteram outras características sensoriais, mantendo as distinções de cada variedade. “É um café mais suave, mais agradável do que o de outras regiões cafeeiras, por isso tivemos a denominação de origem”, explica Rosseto.

Café com história
A família Rosseto está na atividade há 71 anos na cidade. O trabalho para a busca da IG começou em fevereiro de 2022, quando o Sebrae/PR deu início à sensibilização de agentes locais e de produtores para a formação de uma nova associação para a classe.
“O mercado do café olha muito para Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, as maiores regiões produtoras de café. E, com isso, o Paraná ficou um pouco afastado. A Indicação Geográfica traz um novo olhar para dentro do Paraná, ainda mais com a denominação de origem, que é muito importante para o café”, analisa Fernando.

Indicações Geográficas
Com a conquista do café de Mandaguari, o Paraná alcançou 20 Indicações Geográficas: carne de onça de Curitiba; urucum de Paranacity; cracóvia de Prudentópolis; mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva; broas de centeio de Curitiba e queijos coloniais do Sudoeste do Paraná.
As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível.
Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.