Camila Pitanga, Tereza Cristina, Cléber Machado e advogados pedem a cassação de Magno Malta após fala sobre Vini Jr. – 24/05/2023 – Mônica Bergamo

Camila Pitanga, Tereza Cristina, Cléber Machado e advogados pedem a cassação de Magno Malta após fala sobre Vini Jr. – 24/05/2023 – Mônica Bergamo


Um grupo formado por artistas, ativistas, advogados, apresentadores e intelectuais como Camila Pitanga, Cléber Machado e Tereza Cristina enviará ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado uma representação pedindo a cassação do mandato do senador Magno Malta (PL-ES).

A medida ocorre após o parlamentar criticar a repercussão do caso de racismo contra o jogador brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, ocorrido no domingo (21), em partida do Campeonato Espanhol.

Malta sugeriu que emissoras de TV estariam “revitimizando” o atleta e cobrou associações da causa animal para que “defendam os macacos”, uma vez que eles estariam “expostos” ao serem citados nos xingamentos usados contra o jogador.

“O macaco é inteligente, é bem pertinho do homem. Única diferença é o rabo. Ágil, valente, alegre. Tudo o que você possa imaginar, ele tem”, afirmou o senador, durante uma audiência da Comissão de Assuntos Econômicos da Casa.

“Eu, se fosse um jogador negro, entrava com uma leitoinha branca nos braços e eu ainda dava um beijo nela. E falava assim: ‘Olha como eu não tenho nada contra branco'”, disse ainda.

Na representação, que é assinada pelos advogados Pierpaolo Cruz Bottini, Igor Tamasauskas, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, Sergio Renault, Marco Aurélio de Carvalho Sebastião Tojal , o grupo sustenta que a fala de Magno Malta é incompatível com o decoro parlamentar e abusa das prerrogativas asseguradas aos membros do Congresso Nacional.

O documento ainda destaca xingamentos que associam ou equiparam pessoas negras a um macaco, como os direcionados a Vini Jr., fazem parte de uma prática reiterada e generalizada de racismo no futebol. Mais: que está enraizado em quase todos os níveis da sociedade brasileira.

O pedido de cassação é endossado pelo jornalista e colunista da Folha Juca Khfouri, pelo cofundador da Uneafro Douglas Belchior, pela chef Bel Coelho, pelo pintor Iran Espírito Santo, pela editora Fernanda Diamant, pelo escritor e colunista da Folha Antonio prata, pelo jornalista José Trajano, pela desembargadora aposentada Kenarik Boujikian e por Tiago Rocha.

“Ao se analisar a frase ‘então é o seguinte, cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco? O macaco está exposto’, fica evidente a quebra do decoro parlamentar, na medida em que na discussão sobre o racismo, o senador aponta que quem precisa de defesa é o macaco, e não aquele que foi alvo das ofensas racistas”, pontuam os signatários.

“Parece haver um modus operandi no conteúdo da declaração do senador. Num primeiro momento há a relativização da ofensa, apontando o macaco é quem necessitaria de defesa e, em um segundo momento, há o desprezo pela pauta ao apontar que tudo se leva ‘para cor da pele’”, continuam.

A representação enviada ao Conselho de Ética afirma ainda que a imunidade parlamentar não é um salvo-conduto para que parlamentares se comportem como bem entenderem, e que esse direito e a liberdade expressão não devem ser confundidos “com prerrogativa de destilar discursos de ódio, estereótipos ou menosprezo a população preta deste pais”.

“Racismo é um ato da maior gravidade. Gracejar com a dor, com a discriminação, não condiz com a dignidade parlamentar, com a estatura do Senado federal. Um discurso daquele porte merece reprimenda ética e criminal, razão da representação apresentada”, afirma o advogado Pierpaolo Cruz Bottini.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH



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